Parte
IV
Falta pouco para
ás 07h00 e aproximam-se, voando à baixa altura, 400 Junkers transportando a
primeira investida de paraquedistas. Muitas esquadrilhas de Stukas ultrapassa-os,
acelerando seus motores. Durante alguns minutos realizam um último e destruidor
bombardeio sobre Maleme e Conéia.
Em poucos segundos parte do céu
cobriu-se das brancas coloras de milhares de paraquedas. Em terra os ingleses
não vacilaram: entrincheirados em buracos cavados no solo rochoso , habilmente
camuflados, abriram fogo com suas metralhadoras e fuzis. Os paraquedistas
foram surpreendidos em meio à descida
pelas feroz descarga e, estão tendo terríveis perdas. O general Meindl,
chefe do agrupamento oeste, cai gravemente ferido, enquanto que o general
Süssmann sofre um acidente em sua descida e cai numa ilhota próxima à costa. As
duas forças de ataque sem seus chefes e
dizimadas pelo fogo britânico, procuram
refugiar-se entre as rochas.
Em Rethimon e Cândida , os alemães encontram
também encarniçada resistência. Muitos Junkers
foram derrubados e companhias inteiras de paraquedistas foram atingidos pelas
balas das metralhadoras britânicas. Já
está anoitecendo, mas posso ver que os
aeroportos ainda continuam em poder dos ingleses. Concentro-me na região
de Maleme e vejo que os alemães – ao contrário de Rethymon e Cândida, conseguiram finalmente apoderar-se das pistas.
Era o que o general Student queria. Ele,
ao receber a notícia que perdera seu
posto de comando em Atena, deu ordens para todas suas forças se dirigirem para
àquela base.
É madrugada do dia
21. Volto a concentrar-me em Maleme e
vejo que vários Junkers aterrissaram numa de suas praias. Estão se
abastecendo de armas e munições, além de paraquedistas. Algumas horas se passam e posso ver Aviões Junkers carregados de caçadores montanheses
desafiando o fogo antiaéreo britânico e
pousam loucamente sobre as pistas. Eles
conseguem superar a crise: já é alvorecer e Maleme fica totalmente em mãos dos
alemães.
A ilha é ocupada
-Estou agora no
dia 22 de Maio: a batalha entra em sua fase culminante. Ontem à noite três
cruzadores e quatro destróieres ingleses haviam conseguido interceptar, ao
oeste de Creta, uma das flotilhas que conduziam reforços para os alemães que
estão em combate na ilha. Uma lancha
torpedeira italiana enfrentou valentemente as naves atacantes e conseguiram
proteger a retirada de parte das embarcações que transportavam as tropas, entretanto não conseguiu impedir que os
cruzadores britânicos afundassem 10 transportes.
A Luftwaffe, então, atacou e, durante todo o dia bombardeou encarniçadamente
os barcos britânicos e conseguiram afundar os Cruzadores Gloucester e Fiji,
assim como o Destróier Greyhound. Neste bombardeio, o encouraçado Warspite
sofreu graves avarias. Os Stukas –
no dia seguinte – renovam seus ataques e
conseguiram afundar, ao sul da ilha, os destróieres Kashmir e Kelly.
A frota inglesa, apesar das
terríveis perdas continuam operando em águas de Creta e impede o reforço alemão
aos paraquedistas. Em terra, entretanto, a luta se apresenta favorável aos
invasores. Já é noite e o comando das forças concentradas no aeroporto de
Maleme é então assumida pelo general Ringel . Ele ordena que seja iniciado o
avanço para o oeste em direção a Canéia
. As forças de caçadores e pára-quedistas se deslocam através dos contrafortes
montanhosos e das planícies da costa e conseguem estabelecer contato com o grupo
central neste que já é o dia 23 de Maio
de 1941. Em Canéia,
Freyberg, o general britânico, apressou-se na resistência aos
ataques e concentrou suas forças em torno da cidade. Reforçados por novos
contingentes os alemães desembarcados pelos Junkers lançam-se ao ataque. Mais uma
vez o que vejo é horrível. Bem...vou me concentrar e avançar mais quatro dias
neste tempo. Lorac, aproveito para registrar que me sinto bem e conseguindo
melhor controlar minhas emoções.
- Sigo com meu
relato e confirmo estar - de acordo com meu marcador – no dia 27.
Após esses quatro
dias de intensos combates, constato que os alemães conseguiram quebrar a
resistência britânica. O general Freyberg e seus comandados abandonam o combate
e partem em direção da costa meridional da ilha. Neste local, a marinha inglesa
está concentrada e, em seu ultimo esforço, conseguindo resgatar os soldados. Me
aproximo e consigo ler o relatório do comando. Nele está escrito o resgate de 15.000
soldados. Ergo-me às alturas e olho na direção norte. Vejo que o general alemão
Ringel completou a ocupação da ilha juntamente com os extenuados grupos de
paraquedistas que estavam entrincheirados em torno de Rethymon e Cândida.
Os alemães venceram nesta região. A
batalha chega ao fim. De acordo com seus relatórios esta vitória custou
milhares de vidas, entre elas 6.000 paraquedistas e caçadores mortos pelo fogo
britânico, além dos restos calcinados de 151 trimotores Junkers espalhados sobre o solo de Creta.
Resultado do combate
Os alemães, com a
ocupação da ilha de Creta, conseguiram uma base de extraordinário valor
estratégico no Mediterrâneo, pois ali estando, poderiam atacar as rotas de
navegação britânica e suas bases aéreas e navais no Egito. Creta também poderia
ser o trampolim para o envio de tropas ao Oriente Médio, região que de acordo
com seus relatórios estavam desguarnecidas.
Lorac,
de acordo com nosso roteiro, vou avançar até o mês de Julho.
-Aqui
estou junto ao comando: vejo um manifesto. Nele, Hitler, após verificar a
extraordinária vantagem que a posse da ilha lhe oferecia diz ao General
Student: “Creta serviu para demonstrar que os dias das forças pára-quedistas já
pertencem ao passado...A arma pára-quedista não é mais um instrumento de surpresa...” O ditador havia
se impressionado com as sangrentas perdas sofridas pelos pára-quedistas na
campanha. Ele tinha, em realidade razões
de sobra para supor tal coisa, afinal as unidades aerotransportadas alemães
haviam suportado terríveis perdas durante a campanha. Os alemães quando
planejaram o ataque avaliaram mal o poderio da guarnição aliada, cujas forças
eram três vezes maiores que seus cálculos haviam previsto.
Além disso, os
ingleses tinham habilmente conseguido camuflar sua embaraçada rede de redutos e
trincheiras construídas na montanha e em torno da das bases onde desceram os
paraquedistas alemães.
Esta
vitória conseguida a este alto preço não iria acontecer novamente. A partir
daquele momento àquelas forças não seriam mais utilizadas em operações
similares, devendo atuar, no entanto, como simples tropas de infantaria e assim
sacrificar apenas suas verdadeiras possibilidades.
A
força inglesa e seus aliados, por sua vez, também souberam tirar proveito da
lição, compreendendo o valor das forças aerotransportadas e iniciaram a
organização deste tipo de força. A batalha de Creta demonstrou também que o domínio
do mar depende muito da conquista do espaço aéreo. Forçados pelas
circunstâncias os britânicos não vacilaram e, apesar de não terem suficientes efetivos
aéreos, colocaram seus Navios de Guerra na defesa da ilha e assim, conseguir
evitar o desembarque dos alemães pelo mar e resgatar 15.000 soldados. Mas
pagaram um alto preço. Os aparelhos da Luftwaffe, operando livremente,
afundaram três cruzadores e seis destróieres e avariaram seriamente os
encouraçados Barham, Warspite, Valiant,
o porta-aviões Formidable e outros nove cruzadores e destróieres. Terminada
essa luta no Mediterrâneo Oriental, a frota comandada pelo Almirante Inglês
Cunningham fora reduzida a dois encouraçados, três cruzadores e dezessete
destróieres.
Não percam!
Em breve: Parte V.
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